
Por Camila Mazzanti
A palavra solidão automaticamente nos remete a uma imagem mental de alguém muito sozinho jogado em um canto, porém esta pode se manifestar de outras formas, sendo suas principais a solidão objetiva e a solidão subjetiva.
Na solidão objetiva ou sociológica existe uma ausência do outro, como por exemplo um idoso que mora só e não tem relações com pessoas ao seu redor (porque ele poderia morar sozinho e manter boas relações com os vizinhos ou mesmo com a família que o visita).
É possível que a solidão seja sentida subjetivamente, ou seja, como angústia interna do ser. O indivíduo é rodeado de pessoas e ainda sim se sente só. Esse tipo de solidão é muito comum e todo ser humano provavelmente passou por isso alguma vez na vida, porém, em nossa sociedade atual, observa-se que cada vez mais o fenômeno da solidão se intensifica.
O crescente aumento das tecnologias e em consequência das vias de comunicação tornam o ser humano moderno cada vez mais solitário e questiona-se: “Se a comunicação está em seu auge porque então que essa sociedade produz cada vez mais solidão?”
Teóricos argumentam que o estilo de vida moderno é extremamente individualista e consumista, ou seja, as relações podem ser facilmente descartadas e substituídas com outras, já que há tantas pessoas ao redor… Claramente isso compromete a qualidade das relações humanas, gerando consequências. Essa relação de consumo e solidão pode ser explicitado pelas palavras do autor:
“A falta ou, melhor dizendo, a suposta falta, levará a comportamentos de compensação ligados ao consumo, tais como comprar e comer. Trata-se de ingerir, de se completar, de tentar preencher o que falta, ou o vazio, gênese da baixa auto-estima de um mundo individualista que dá lugar à solidão” (MOREIRA, 2002, p. 143).
Não há um consenso sobre a definição da solidão, porém uma definição interessante diz que na solidão há uma ausência de relações sociais satisfatórias e ela vem acompanhada de um mal estar psicológico e por isso é fácil entender o porquê dela estar fortemente associada a depressão, o suicídio, a hostilidade, o alcoolismo, a um fraco autoconceito e a doenças psicossomáticas.
Por incrível que pareça a solidão subjetiva não tem só pontos negativos, ela pode ser uma oportunidade de entrar em contato consigo mesmo e promover reflexão, amadurecimento e até uma melhora nos relacionamentos, pois é a angústia que promove no ser o incômodo necessário para realizar uma mudança, seja na ação ou na reflexão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MOREIRA, Virginia; CALLOU, Virginia. Fenomenologia da solidão na depressão.Mental, Barbacena , v. 4, n. 7, p. 67-83, nov. 2006 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-44272006000200005&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 08 abr. 2019.
ENRIQUEZ, E.; TAKEUTI, R. TÉCNICA DE N. M. Da solidão imposta a uma solidão solidária. Revista Cronos, v. 5, n. 1/2, 10 jan. 2013.
FERNANDES, Helder Jaime. SOLIDÃO EM IDOSOS DO MEIO RURAL DO CONCELHO DE BRAGANÇA. 2007. Disponível em: <https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/23698/2/29768.pdf>. Acesso em: 12 abr. 2019.