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Por Camila Mazzanti

A autoestima é a chave essencial para viver uma vida saudável. Essa informação está direta ou indiretamente em todos os lugares (programas de tv, leituras, músicas), porém, pouco se aprofundam em questões mais primárias como: “o que é autoestima? Como consegui-la?”

A autoestima pode ser dividida em dois componentes principais: o sentimento de competência pessoal e o sentimento de valor pessoal, ou seja, o quanto você confia em você mesmo para enfrentar situações da vida e o quanto você respeita a si mesmo, defendendo seus interesses e necessidades sem agressividade consigo e com o outro.

Muito da construção da autoestima de um ser humano é pautada em experiências da infância e como seus cuidadores agem na educação da criança. Alguns estudos da psicologia comportamental afirmam que uma educação pautada em reforço positivo (gratificar quando a criança faz algo de bom) é muito mais eficaz que uma educação pautada em punição (bater, colocar de castigo quando a criança faz algo errado). O uso do reforço positivo fortalece comportamentos adequados do filho; deixa a criança mais criativa (aumenta a variabilidade comportamental); desenvolve comportamentos de tomar iniciativa e produz sentimentos bons de satisfação, bem estar, alegria e autoestima.

Ao contrário do que se poderia imaginar, o reconhecimento do outro (ex. “parabéns filho pelas notas boas que você tirou!”) não causa dependência, mas sim o sentimento de que essa criança é amada e se sentindo amada pelo outro ela aprenderá a amar a si mesma. A partir desse processo, aprenderá a se diferenciar das outras pessoas, se tornando independente. Ela se ama, sabe como é bom ser amada pelo outro, porém não depende disso para seguir com a vida.

E quando esse tipo de educação não ocorre, a criança se torna um adulto inseguro? A probabilidade é grande, mas ainda assim não é possível afirmar com certeza pois a autoestima é uma experiência íntima que reside no cerne do nosso ser. É como penso e me sinto em relação a mim mesmo e não como os outros se sentem em relação a mim. Digamos que uma criança se torne um adulto inseguro, ainda é possível de desenvolver autoestima pois tudo depende de como esse adulto vai escolher lidar e refletir sobre a vida e a visão que ele tem dele mesmo.

Outra questão importante é quanto o externo pode influenciar em como nos sentimos, por exemplo posses materiais, um relacionamento, paternidade, conhecimento científico e etc são coisas que podem nos fazer sentir melhores em relação a nós mesmos, trazem uma sensação de conforto, porém essa sensação é diferente de autoestima e se esvai com o tempo.

A autoestima verdadeira não é comparativa e não se coloca acima dos outros (diminuir o outro para se elevar), essa atitudes na verdade são ações da insegurança tentando se disfarçar de confiança. Quem ama a si é uma pessoa que não está em guerra com ninguém, portanto não precisa se colocar acima dos outros e nem abaixo.

Para quem tem curiosidade de como desenvolver autoestima, Branden (2002) esmiuçou-a em seis pilares fundamentais:

  1. A atitude de viver conscientemente

Quanto mais elevada a consciência por de trás dos nossos atos melhor será a relação com a vida. “Viver conscientemente significa querer estar ciente de tudo o que diz respeito a nossas ações, nossos propósitos, valores e objetivos, ao máximo de nossa capacidade, qualquer que seja ela e comportarmo-nos de acordo com aquilo que vemos e conhecemos.Viver conscientemente é viver responsavelmente perante a realidade, ter a mente ativa em vez de passiva”

2) A atitude da autoaceitação

“Sem autoaceitação, a autoestima é impossível. Enquanto a autoestima é algo que experimentamos, a autoaceitação é algo que fazemos: valorizo “a mim mesmo”, tratando-me com respeito e lutando por meu direito de ser e a disposição de dizer sobre qualquer emoção ou comportamento. A autoaceitação envolve a ideia de ser amigo de si mesmo, aceitando as imperfeições, os conflitos e até mesmo a nossa grandeza.”

3) A atitude da autorresponsabilidade

“Ser responsável pela realização de meus desejos, por minhas escolhas e meus atos, pelo nível de consciência com que trabalho e vivo meus relacionamentos, por meu comportamento com os outros, pela qualidade das minhas comunicações, por aceitar e escolher os valores que vivo pela minha própria felicidade e pela minha própria autoestima.

Se errei, reconheço que errei, peço perdão, me desculpo, me corrijo, tiro as lições e sigo em frente. Jamais culparei os outros por meus próprios erros e nem muito menos procurarei álibis para justificar meus deslizes.”

4) A atitude da autoafirmação

Esse pilar é a disposição para honrar minhas vontades, meus desejos, necessidades e valores e tratar a mim com respeito. Sem a autoafirmação agimos como meros expectadores e não participantes. É necessário sermos atores de nossas próprias vidas. A autoafirmação é aceitar ser o que se é com suas qualidades e defeitos, sem precisar esconder ou falsificar a si mesmo para poder ser aceito pelos outros. Precisamos agir sem agressividade, prestando atenção ao contexto, nutrindo em nós a confiança e a segurança naquilo que se é, sem medo de represálias.

5) A atitude da Intencionalidade

É viver de forma intencional e produtiva, estabelecendo metas e objetivos práticos para alcançar o proposto. Essa atitude envolve os seguintes aspectos: preocupar-se em identificar os atos necessários para alcançar os objetivos estabelecidos, monitorar o comportamento para que ele esteja em sintonia com esses objetivos, prestar atenção aos resultados dos próprios atos, para saber se eles levam ao que se quer chegar e estar conectado com o nosso presente, pois assim estaremos olhando para o futuro.

6) A atitude da integridade pessoal

“Integridade é a integração dos ideais, das convicções, dos critérios, das crenças e dos comportamentos. É a congruência dos nossos atos, dos nossos valores, compromissos e prioridades. É ter autoconsciência e autorresponsabilidade. É ser íntegro consigo mesmo, admitir nossas falhas sem culpar os outros, entender o porquê daquilo que fazemos, reconhecer nossos erros e pedir perdão, reparar os danos causados e se comprometer intencionalmente a agir de forma diferente. É agirmos com os demais de forma como gostaríamos que agissem conosco, de forma gentil, delicada e justa.”

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

RUIZ, Josefa Emília Lopes et al. OS SEIS PILARES DA AUTOESTIMA E A INTEGRAÇÃO CORPO E MENTE. 2015. Disponível em: <https://periodicos.fclar.unesp.br/tes/article/view/9167>. Acesso em: 26 abr. 2019.

GUILHARDI, Hélio José. Auto-estima, autoconfiança e responsabilidade. 2002. Disponível em:<http://www.gracielahosel.com.br/textos/Autoestima_Autoconfianca_e_Responsabilidade.pdf>. Acesso em: 26 abr. 2019.

BRANDEN, Nathaniel. AUTO-ESTIMA: Como aprender a gostar de si mesmo. 2002. Disponível em: <http://www.teologiapelainternet.com.br/biblioteca/arquivos/Educacionais/Auto_Ajuda/Nathaniel_Branden_COMO_APRENDER_A_GOSTAR_DE_SI_MESMO.pdf>. Acesso em: 26 abr. 2019.