Category :

Por Camila Mazzanti

O bullying é uma palavra de origem inglesa que se remete à “agredir, intimidar, atacar” alguém, dessa maneira, a nomenclatura foi escolhida para ilustrar um conjunto de acontecimentos que ocorrem majoritariamente no âmbito escolar.

Esses comportamentos não são novidade alguma no âmbito escolar, porém, o bullying só começou a ganhar atenção a partir dos anos 70, e assim, ganhou o nome e, com o tempo, certa visibilidade. Pode ser conceituado  por comportamentos abusivos, física e psicologicamente, intencionais, sem motivação evidente, que ocorrem de maneira repetida. Todo esse encadeamento de acontecimentos envolve um desequilíbrio de poder, em que o valentão oprime algum estudante incapaz de se defender.

No bullying as agressões podem se dar através de xingamentos, apelidos infelizes, discriminação por cor, religião, condição sócio-econômica, empurrões, pontapés, roubo de pertences, destruição de pertences, exclusão social e isolamento. As pesquisas mostram que meninos utilizam abordagens mais diretas e agressivas, enquanto meninas optam mais por um bullying indireto, excluindo colegas e difamando-os. A era tecnológica em que vivemos abriu portas para mais um tipo de Bullying, o Cyberbullying, mais conhecido como bullying virtual, onde os ataques ocorrem por vias eletrônicas.

Existem três papéis principais dentro do bullying: o autor, o alvo e as testemunhas.

O autor é aquele que pratica o bullying com outra(s) pessoa(s), geralmente assume postura de liderança  e gosta de caçoar de colegas que possuem alguma diferença da maioria (seja física, intelectual, econômica ou social). Costumam ter postura intolerante e agressiva com situações ou pessoas que os desagradam, se acham de alguma forma, superiores, não sofrendo com problemas de baixa estima. É comum que sejam rodeados de outros colegas que o apoiam e seguem e também que venham de uma família com pouco suporte afetivo e igualmente intolerante e agressiva com as pessoas da sua convivência.

O alvo é a vítima do bullying e costumam se diferenciar por alguma característica física (cor, orelha grande, peso, etc), intelectual (problemas na aprendizagem, deficiência intelectual, desempenho acadêmico excelente) ou sócio-econômica (ser mais rico ou mais pobre que os demais, dificuldades para ser relacionar, ter um comportamento mais isolado do grupo,  dificuldades para se defender). A maioria das vítimas não retrucam e não se defendem por possuírem poucos recursos emocionais para lidar com as humilhações sofridas, o que os faz vivenciar tudo em silêncio, seja por timidez, ou por medo de retaliação por parte dos agressores, ou vergonha de demonstrar fraqueza.

Existem também aqueles que são ao mesmo tempo autores e alvos do bullying, um perfil que combina baixa auto estima e reações provocativas que buscam agredir de volta. Esse perfil é o que mais tem tendência a distúrbios psiquiátricos. Podem ser depressivos, inseguros e inoportunos, procurando humilhar os colegas para encobrir suas limitações. Diferenciam-se dos alvos típicos por serem impopulares e pelo alto índice de rejeição entre seus colegas e, por vezes, pela turma toda.

As testemunhas são aqueles que observam porém raramente tomam alguma posição em relação ao bullying, não se envolvem ou por não saber como agir ou por medo de serem novas vítimas. Essa postura passiva de apenas observar o acontecido acaba por acobertar a violência e transmite uma falsa tranquilidade aos adultos responsáveis (professores, pais etc).

É fundamental que instituições escolares e os pais tenham conhecimento do fenómeno do bullying e que se envolvam ativamente em projetos que busquem reduzir sua incidência. Deve ser oferecido apoio às vítimas, fazendo com que se sintam protegidas (e para isso é necessário que a escola e os pais tomem medidas que efetivamente cessem o sofrimento dessa criança/adolescente). Aos autores devem ser dadas condições para que desenvolvam comportamentos mais amigáveis e sadios, evitando o uso de ações puramente punitivas, como castigos, suspensões ou exclusão do ambiente escolar, que acabam por marginalizá-los.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

OLIVEIRA, Karoline Moraes Rossini de. Experiências de adolescentes com bullying escolar e análise fenomenológica de suas vivências. 2012. 87 f. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências, 2012. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/97466>.

LOPES NETO, Aramis A.. Bullying comportamento agressivo entre estudantes. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/%0D/jped/v81n5s0/v81n5Sa06.pdf>. Acesso em: 17 maio 2019.

OLIVEIRA, Elaine Lucia Dias de. Bullying na infância e adolescência: repercussões na vida e saúde de universitários adultos do sexo masculino. 2012. 105 f. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências, 2012. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/97504>.

JESUS, Jamile Silva Guimarães de. Bullying como forma de sociabilidade juvenil: um estudo sobre práticas interacionais entre meninas na construção de identidades de gênero. 2017. Tese (Doutorado em Saúde, Ciclos de Vida e Sociedade) – Faculdade de Saúde Pública, University of São Paulo, São Paulo, 2017. doi:10.11606/T.6.2017.tde-18042017-094354. Acesso em: 2019-05-17.

BANDEIRA, Cláudia de Moraes; HUTZ, Claudio Simon. As implicações do bullying na auto-estima de adolescentes.2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pee/v14n1/v14n1a14>. Acesso em: 17 maio 2019.

OLIVEIRA, Karoline Moraes Rossini de. EXPERIÊNCIAS DE ADOLESCENTES COM BULLYING ESCOLAR E ANÁLISE FENOMENOLÓGICA DE SUAS VIVÊNCIAS. 2012. Disponível em: <https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/97466/oliveira_kmr_me_bauru.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 17 maio 2019.
QUEIROZ, Renata Fernandes Pimenta; TÉRZIS, Antonios. O BULLYING COMO FENÔMENO PSÍQUICO PRODUZIDO NO GRUPO. 2012. Disponível em: <file:///C:/Users/camil/Downloads/2012821_184514_323823635_resena.pdf>. Acesso em: 17 maio 2019.