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Por Camila Mazzanti

Ao estudar e acompanhar a história recente da humanidade vemos que os desenvolvimentos tecnológicos na área das telecomunicações e tecnologia da informação foram ganhando papel cada vez mais significativo, modificando o modo de comunicação das pessoas e também como se relacionam com a tecnologia a sua disposição.

O Brasil tem hoje dois dispositivos digitais por habitante, incluindo smartphones, computadores, notebooks e tablets. Estima-se que há 230 milhões de celulares ativos no País. Já o número de computadores, notebooks e tablets em uso no Brasil é de 180 milhões. Houve um aumento de 10 milhões no número de smartphones ativos em relação a 2018.

O smartphone, assim como outros objetos e tecnologias, é definido pelas apropriações que as pessoas fazem dele, as novas configurações decorrentes dessa tecnologia podem trazer tanto benefícios como malefícios para o bem estar no geral. Há diversos estudos na área da medicina que demonstram benefícios dos smartphones como um coadjuvante em pesquisas e tratamento de dependentes químicos, pacientes com diabetes, asma, transtornos alimentares, transtornos de ansiedade, e também no monitoramento para perda de peso, reeducação alimentar e prática de atividade física.

Existe também um aspecto cotidiano e social que o uso do smartphone movimenta, se pensarmos que as classes sociais mais desfavorecidas têm acesso a toda a conjuntura de informações e aplicativos que um celular pode oferecer. “A tecnologia pode atuar também como uma fuga de uma vida dura, das relações problemáticas e da falta de outros bens; é uma saída para uma vida mais simples, esperançosa e otimista.”

É comum que as pessoas pensem em seus aparelhos celulares como uma extensão delas mesmas já que aquele pequeno aparelho a acompanha e auxilia em todos os locais que a pessoa vá, contém inúmeras possibilidades de comunicação e conexão e armazena grande quantidade de informação pessoal. Pensando nesse tipo de uso do aparelho, não podemos desconsiderar as problemáticas que podem estar implicadas, como por exemplo as dependências tecnológicas.

Já são reconhecidas as dependências de jogos digitais, pornografia online, redes sociais e smartphones. Picon et al (2015) relata que “ indivíduos que fazem uso excessivo de smartphones apresentam sintomas e prejuízos semelhantes aos encontrados em sujeitos com outros tipos de dependências, tanto químicas quanto comportamentais. Esse comportamento de dependência também é chamado de “nomofobia” (derivado da expressão em inglês “no mobile phobia”), e refere-se à ansiedade, ao desconforto ou mesmo à irritabilidade desencadeados em uma pessoa quando encontra-se longe de seu aparelho celular. Os principais sintomas da nomofobia assemelham-se aos de outras dependências comportamentais, tais como abstinência, tolerância e saliência. Outro risco bastante significativo associado ao uso dos smartphones é o de envolvimento em acidentes, desde quedas até acidentes automobilísticos graves.

Portanto é necessário repensar a forma como as tecnologias estão afetando nossas vidas e o uso consciente que podemos fazer delas, tomando cuidado para não desencadear um padrão de excesso.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COELHO, Pietro Giuliboni Nemr. Photos, facades and personas: the identity construction through the use of Instagram application. 2016. 93 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Associação Escola Superior de Propaganda e Marketing, São Paulo, 2016.

Fonsêca, P. N., Couto, R. N., Melo, C. C. V., Machado, M. de O. S., Souza Filho, J. F. (2018). Escala de uso problemático da internet em estudantes universitários: evidências de validade e precisão. Ciencias Psicológicas, 12(2), 223-230. doi: https://doi.org/10.22235/cp.v12i2.1686.

OLIVEIRA, THYCIANE SANTOS et al . CADÊ MEU CELULAR? UMA ANÁLISE DA NOMOFOBIA NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL. Rev. adm. empres.,  São Paulo ,  v. 57, n. 6, p. 634-635,  Dec. 2017 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75902017000600634&lng=en&nrm=iso>. access on  30 May 2019. http://dx.doi.org/10.1590/s0034-759020170611.

Picon F, Karam R, Breda V, Restano A, Silveira A, Spritzer D. Precisamos falar sobre tecnologia: caracterizando clinicamente os subtipos de dependência de tecnologia. Rev. bras. psicoter. 2015;17(2):44-60

https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2019/04/brasil-tem-230-milhoes-de-smartphones-em-uso.html