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Por Camila Mazzanti

Já discutimos anteriormente o impacto das tecnologias e dos avanços médicos, porém este tema ainda tem muito o que desdobrar. O progresso das ciências médicas provocaram um importante aumento na expectativa de vida da população, porém, muitas vezes os pacientes vivem “sobrevidas” acoplados a aparelhos e procedimentos invasivos, tomados de sofrimento tanto para o paciente como para sua família.

Diante a reflexões sobre o tema de qualidade de vida integral e humanização dos cuidados, foram pensados, no decorrer do tempo, os cuidados paliativos.

Os cuidados paliativos inicialmente foram definidos como  “cuidado ativo e total para pacientes cuja doença não é responsiva a tratamento de cura. O controle da dor, de outros sintomas e de problemas psicossociais e espirituais é primordial. O objetivo do Cuidado Paliativo é proporcionar a melhor qualidade de vida possível para pacientes e familiares”.

A partir de 2002 o conceito de cuidados paliativos muda para “uma abordagem que promove a qualidade de vida de pacientes e seus familiares, que enfrentam doenças que ameacem a continuidade da vida, por meio da prevenção e do alívio do sofrimento. Requer identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual”.

Até hoje ainda se mantém a mentalidade de que a equipe de cuidados paliativos só é chamada quando não existe mais a possibilidade curativa da medicina. No entanto os cuidados paliativos podem acompanhar o paciente desde seu diagnóstico em conjunto com o tratamento modificador da doença (não se fala mais em possibilidade e impossibilidade de cura). Por exemplo uma criança com paralisia cerebral será assistida por um neurologista, mas os cuidados paliativos podem fazer muito para amenizar os problemas que podem surgir com a menor mobilidade e também para aliviar a carga emocional e psicológica que possa pesar nos ombros dos pais.

Esse tipo de cuidado funciona em equipe, mediando promover um cuidado que integre todas as instâncias (ou a maioria possível) do paciente e sua família. A equipe é constituída de enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, capelães, assistentes sociais, entre outros profissionais.

Não se trata, portanto, de cultivar uma postura contrária à medicina tecnológica, mas questionar a “tecnolatria” e refletir sobre a nossa conduta diante da mortalidade humana, tentando o equilíbrio necessário entre conhecimento científico e humanismo para resgatar a dignidade da vida e a possibilidade de se morrer em paz.

No entanto, esse tipo de cuidado ainda adentra a área da saúde aos poucos, e como toda nova conduta, enfrenta desafios institucionais. Ainda se faz necessária a conscientização e cuidadosa implementação desse novo tipo de cuidado nos serviços de saúde vigentes, principalmente em nosso sistema único de saúde, o SUS.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

https://paliativo.org.br/download/manual-de-cuidados-paliativos-ancp/

https://paliativo.org.br/cuidados-paliativos/o-que-sao/