
Por Camila Mazzanti
A imagem corporal é um fenômeno complexo que envolve aspectos cognitivos, afetivos e principalmente, sociais e culturais. Durante o decorrer da história foram inúmeras as formas de apresentação e relação com o corpo.
No mundo ocidental houveram períodos em que o ventre mais protuberante era valorizado (hipóteses da época em relação a fertilidade feminina) enquanto as mulheres mais magras eram desprezadas. Nos dias de hoje o “padrão de beleza” atual valoriza a magreza acima de tudo.
Muitos indivíduos, principalmente o público feminino (fator social relevante pois as exigências sociais são mais rígidas em relação as mulheres que em relação aos homens), vivem em busca desse “padrão de beleza” pelo qual se sacrificam constantemente, a fim de manterem seus corpos magros, esbeltos, num ritmo frenético, obedecendo e escravizando-se por imposições estéticas e sociais. Esses padrões modificam-se cotidianamente, e a cada dia torna-se mais difícil enquadrar-se nesse modelo.
São cada vez mais naturalizadas formas de modificação do corpo, mesmo que radicais, como cirurgias plásticas, dietas extremas, dentre os mais diversos procedimentos estéticos, a fim de alcançar a tão impossível “beleza”. Em decorrência dos novos modos de lidar com o corpo e com as imposições sociais surgem novas patologias, como por exemplo os transtornos alimentares.
A anorexia nervosa e a bulimia nervosa são transtornos alimentares caracterizados por um padrão de comportamento alimentar gravemente perturbado, um controle patológico do peso corporal e por distúrbios da percepção do formato corporal. Está presente, na anorexia nervosa, um inexplicável medo de ganhar peso ou de tornar-se obeso, mesmo estando abaixo do peso, ou mais intensamente, uma supervalorização da forma corporal como um todo ou de suas partes, classicamente descrito como distorção da imagem corporal.
Esses pacientes vivenciam diversos sentimentos como os de culpa, ansiedade, depressão, nervosismo e irritabilidade aliados ao comportamento compulsivo, limitações físicas que surgem no curso da patologia, além da negação de que estão doentes.
Transtornos como o alimentar, sendo multifatorial e amplamente pautado na questão social envolve acompanhamento multiprofissional. A equipe deverá ser composta por psicólogos, nutricionistas, psiquiatras e endocrinologistas. O reestabelecimento do equilíbrio psíquico é parte fundamental do tratamento destes transtornos, motivo pelo qual o psiquiatra e o psicólogo, ambos capacitados, são profissionais fundamentais na abordagem desses pacientes. Enquanto o psiquiatra utiliza as estratégias farmacológicas de acordo com as comorbidades identificadas, para resgate do equilíbrio do humor; o psicólogo objetiva tratar as relações do indivíduo, principalmente consigo mesmo.
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