
Por Camila Mazzanti
Dentre o público feminino o câncer de mama apresenta-se como a segunda neoplasia maligna com maior incidência, mostrando-se assim como uma causa relevante de mortes por câncer no Brasil. É considerado um dos maiores problemas de saúde pública associado ao câncer em mulheres, no entanto, é um tipo de câncer que possui uma significativa possibilidade de cura quando detectado precocemente. Por isso o mês de outubro foi eleito para ser o mês de divulgação da importância da prevenção e do diagnóstico precoce, o chamado “outubro rosa”.
É sabido que uma parcela significativa dos pacientes oncológicos consegue sobreviver a doença, o que não acontecia há algumas décadas atrás. No entanto, o câncer permanece com o estigma de sentença de morte, e o câncer de mama, mais especificamente, se destaca como a doença mais temida pelas mulheres devido a sua alta incidência na população e seus efeitos. Fica evidente que se faz necessário dedicar atenção especial ao impacto emocional deste adoecimento.
Saber que tem uma doença sem causa definida traz angústia e culpa. Vislumbrar o futuro passa a ser muito doloroso, já que os tratamentos propostos implicam em possível mutilação, náuseas, vômitos, alopecia, além de alterações sexuais e reprodutivas, como a menopausa precoce. São evocadas questões emocionais como o medo da dependência, do abandono, da progressão da doença, perda de controle sobre a vida, mudanças na autoimagem e até de recidivas.
A mulher se depara com a iminência da perda de um órgão altamente investido de representações, o principal símbolo corpóreo da feminilidade, da sensualidade, da sexualidade e da maternidade, de modo que compromete não somente a condição física da paciente, mas também sua saúde mental.
Dessa forma, a atuação do psicólogo é fundamental ao longo do tratamento, já que sua prática visa o bem-estar emocional da paciente, contribuindo assim para uma boa qualidade de vida.
Os objetivos do trabalho psicológico são de prevenir e reduzir os sintomas emocionais e físicos causados pelo câncer e seus tratamentos, levar a paciente a compreender o significado da experiência do adoecer, possibilitando assim re-significações desse processo. E de extrema importância incluir a família no atendimento, visando que o vínculo entre eles auxiliará os pacientes no enfrentamento da doença.
É importante mencionar que o psicólogo oncológico trabalha numa rede de contatos, ou seja, não trabalha sozinho e sim com a equipe de saúde. A interação entre todos os profissionais envolvidos no tratamento do câncer de mama é fundamental para a conquista de um bom resultado, já que a atuação passa a ser global, envolvendo todos os aspectos implicados no adoecimento.
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