Category :

Por Camila Mazzanti

A obesidade é caracterizada pelo excesso de tecido adiposo, o que conhecemos popularmente como gordura, quilos a mais. Existe um critério para classificação da obesidade e ele é chamado de IMC (índice de massa corpórea). A faixa de peso de IMC considerada normal varia de 19 a 24,9 Kg/m2. Pessoas com IMC de 25 a 30 são consideradas acima do peso (sobrepeso), enquanto aquelas entre 30 e 40 já são classificadas como obesas.

A OMS (organização mundial da saúde) comunicou que a obesidade já é um grave problema de saúde pública em muitos países desenvolvidos e em desenvolvimento, estimando-se que até 2025, a existência de 700 milhões de pessoas com excesso de peso ou obesas.

A modernização das sociedades fez com que o contexto de vida do homem fosse reordenado, no qual a oferta e o consumo de alimentos aumentou expressivamente e tornou-se acessível, notadamente devido ao desenvolvimento de tecnologia alimentar.

As condições de trabalho também se modificaram, principalmente nas áreas urbanas, houve um aumento da participação da população no setor terciário da economia, cujas ocupações requerem menor demanda energética que nos demais setores, tais como o secundário e primário. E a redução nas atividades do setor primário. Tal situação relaciona-se ao fenômeno da transição demográfica, com a concentração da população nas áreas urbanas do país.

Analisando a obesidade mais profundamente é possível compreender que ela é composta por aspectos históricos, ecológicos, políticos, socioeconômicos, psicossociais, biológicos e culturais, sendo assim, é considerada um fenômeno multifatorial.

Os cuidados corporais relacionados à beleza, à estética e à saúde são regidos por um sistema de regras sociais fruto da relação entre os indivíduos, seu corpo e a sociedade. Sendo assim, o corpo assume um aspecto existencial fundamental porque é por intermédio dele que os sujeitos se manifestam no mundo.

Na contemporaneidade, observam-se padrões corporais próprios relacionados ao corpo magro, delineado, estético e eternamente jovem. A obesidade é um estado destoante dos padrões de normalidade na cultura, ou seja, o indivíduo obeso é considerado anormal porque difere do ideal de beleza do corpo magro e/ou musculoso construído pela sociedade.

Precisamos considerar então que existe uma rejeição social imposta à pessoa obesa, em relação ao biológico, existem  fatores de risco associados ao excesso de peso que podem desencadear problemas de saúde como diabetes melito e hipertensão arterial, doenças osteoarticulares (principalmente de membros inferiores), apnéia do sono e etc. É de se imaginar então que em decorrência dos fatores de adoecimento e exclusão social a pessoa obesa manifeste também sofrimento psicológico.

O desajustamento social pode ocasionar fortes sentimentos de vergonha, autodepreciação, insegurança e até mesmo depressão, ansiedade e alterações de humor. Ainda lhe são atribuídos estereótipos depreciativos como “a pessoa gorda é preguiçosa;, come porque quer; feio, descuidado, etc”.

A obesidade está relacionada a fatores psicológicos como o controle, a percepção de si, a ansiedade e o desenvolvimento emocional. Entretanto ser gordo não significa ter problemas psicológicos, sendo necessário desmistificar esta crença que é muito utilizada como explicação para o excesso de peso. Frente a isso, a inclusão dos profissionais da área da psicologia e da psiquiatria na terapêutica da obesidade mostra-se de fundamental importância, por permitir um diagnóstico mais apurado desses aspectos na conformação da obesidade, assim como para a definição do tratamento mais adequado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Machado Cristiane Evangelista, Zilberstein Bruno, Cecconello Ivan, Monteiro Marlene. Compulsão alimentar antes e após a cirurgia bariátrica. ABCD, arq. bras. cir. dig.  [Internet]. 2008 Dec [cited 2020 Feb 17] ; 21( 4 ): 185-191. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-67202008000400007&lng=en. https://doi.org/10.1590/S0102-67202008000400007.

Oliveira Verenice Martins de, Linardi Rosa Cardelino, Azevedo Alexandre Pinto de. Cirurgia bariátrica: aspectos psicológicos e psiquiátricos. Rev. psiquiatr. clín.  [Internet]. 2004 [cited 2020 Feb 25] ; 31( 4 ): 199-201. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832004000400014&lng=en. https://doi.org/10.1590/S0101-60832004000400014

NASCIMENTO, Carlos Alberto Domingues do; BEZERRA, Simone Maria Muniz da Silva; ANGELIM, Ednalva Maria Sampaio. Vivência da obesidade e do emagrecimento em mulheres submetidas à cirurgia bariátrica. Estud. psicol. (Natal),  Natal , v. 18, n. 2, p. 193-201, June 2013 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2013000200004&lng=en&nrm=iso>. access on 28 Feb. 2020. https://doi.org/10.1590/S1413-294X2013000200004.

Wanderley Emanuela Nogueira, Ferreira Vanessa Alves. Obesidade: uma perspectiva plural. Ciênc. saúde coletiva  [Internet]. 2010 Jan [cited 2020 Feb 28] ; 15( 1 ): 185-194. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232010000100024&lng=en.  https://doi.org/10.1590/S1413-81232010000100024.