Category :

Por Camila Mazzanti

A psicologia ainda é muito conhecida em sua prática clínica, a famosa análise dos consultórios, porém, é uma área que se expandiu e adentrou diversos outros âmbitos do saber. Este artigo visa comentar a área de prática hospitalar.

A psicologia hospitalar se encontra dentro da psicologia da saúde, ou seja, especifica o saber e a atuação do profissional dentro da instituição hospitalar.

O hospital oferece uma enorme gama de cuidados ao paciente, apesar da diversidade de tratamentos, são todos voltados para o seu físico, desconsiderando que mente e corpo funcionam em unidade e o adoecimento acaba por alterar o estado psicológico do paciente e da família. A psicologia busca minimizar o sofrimento causado pela hospitalização, sendo a única fonte de cuidado psicológico oferecida no hospital.

A instituição hospitalar sendo voltada para cuidados secundários e terciários, se foca em combater a doença e não em sua prevenção, portanto o psicólogo deve ter em mente que se deparará com inúmeras situações de doença consolidada e sua atuação se dá no sentido de “como lidar com a doença como realidade” (luto do corpo saudável)

A psicologia hospitalar é relativamente nova e teve seu início no Brasil nos anos 50, implementada por Mathilde Neder no Hospital das Clínicas e somente nos anos 2000 foi reconhecida como campo de especialização.

A atuação do psicólogo se dá por três vias: o atendimento do paciente, da família e a orientação da equipe multiprofissional. Ele “promove intervenções que favoreçam a relação médico – paciente, paciente – família, paciente – paciente e também do paciente em relação ao seu processo do adoecimento, hospitalização e repercussões emocionais que emergem durante esse processo”¹.

Ainda dentro da gama de atuação do psicólogo ele pode: fazer avaliação psicológica, acompanhamento, discussão de caso com a equipe, grupos, orientação da equipe e trabalhos de psicoeducação.

É muito importante que o psicólogo esclareça para a equipe qual a sua função ali dentro do hospital, pois sem a equipe seu trabalho será muito dificultoso. Uma equipe que não está familiarizada com  trabalho do psicólogo pode solicitá-lo em situações como “o paciente não para de chorar, vai lá bater um papo com ele” – sendo que “bater bapo” está longe de ser a função de um profissional de saúde mental, e fazê-lo parar de chorar também não cabe à função.

Uma equipe integrada e ciente do papel de cada um de seus membros filtra casos e somente chama a psicologia quando necessário um acompanhamento, o que poupa tempo precioso de trabalho no hospital.

O tempo dentro de um atendimento hospitalar pode ser o pior inimigo do profissional, que às vezes está atendendo o paciente e é interrompido por algum procedimento médico ou a própria família do paciente, tendo que retomar o atendimento em outro momento.

É preciso enfatizar aqui que a psicologia hospitalar é uma área de atuação e não uma abordagem teórica, portanto é de extrema importância que o psicólogo defina sua linha teórica para guiá-lo em sua prática. É necessário também fazer as suas devidas adaptações, pois o ambiente hospitalar não vai oferecer uma sala silenciosa para atendimento do paciente, muitas vezes serão realizados atendimentos em corredores, com a família ouvindo e em muitas situações que criam dificuldade ao setting terapêutico ideal.

Mesmo com todas as dificuldades a psicologia tem se provado de extrema importância no tratamento de paciente hospitalizados, sendo a única a considerar a subjetividade do paciente como parte do tratamento.

REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

KERNKRAUT, Ana Merzel et al. O psicólogo no hospital: Da prática à gestão de serviço. São Paulo: Blucher, 2017. 496 p.

¹- capítulo Psicologia hospitalar e alguns dos possíveis referenciais teóricos – Juliana Gibello

Mathilde Neder. Psicol. cienc. prof.,  Brasília ,  v. 25, n. 2, p. 332,  June 2005 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932005000200013&lng=en&nrm=iso>. access on  04 Feb. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932005000200013.