
Por Camila Mazzanti,
O mito Eros e Psiquê, como toda história mitológica, é carregado de significado e está sujeito às mais diversas interpretações, devido ao seu nível de complexidade. Antes de aprofundarmos em seu significado, vamos ao mito:
Psiquê era filha de um rei e uma rainha. Tinha duas irmãs mais velhas, ambas muito bonitas, mas nenhuma beleza do mundo se comparava à sua. Tamanha beleza chamou a atenção de muitos de seu reino e também de reinos distantes, a ponto que Psiquê era venerada como se fosse a própria Deusa Afrodite/Vênus, o que despertou a ira da verdadeira Deusa.
Ofendida de ser comparada a uma mortal, Afrodite convoca seu filho, Eros (o cupido) para eliminar Psique, teria a tarefa de fazê-la se apaixonar por um monstro terrível.
Os pais de Psique estavam preocupados com a filha, que apesar de ter multidões de adoradores, não recebia propostas de casamento, pois os homens jamais ousariam ter uma Deusa como esposa (já que achavam que ela era a personificação viva de Afrodite na Terra). Devido a isso os pais de Psiquê foram consultar o Oráculo,que disse:
(Sobre o rochedo escarpado, / suntuosamente enfeitada, / expõe, rei, a tua filha, / para núpcias de morte, / Então, ó rei, não esperes / para teu genro, criaturas / originadas de mortal estirpe, / mas um monstro cruel e viperino, / que voa pelos ares. / Feroz e mau, não poupa ninguém, / Leva por toda parte o fogo e o ferro, / e faz tremer a Júpiter, / e é o terror de todos os deuses, / e apavora até as águas do inferno, / e inspira terror às trevas do Estige.)
Logo a triste notícia do destino de Psique se espalhou e foram realizados os preparativos para o seu casamento. Marcharam até o rochedo em procissão, como se a garota estivesse indo viva ao seu próprio funeral, despediram-se dela e foram embora.
Psique adormece, e quando acorda, se encontra em um palácio esplendoroso, onde suas vontades são realizadas pelo vento (Zéfiro) e por servas invisíveis, das quais só se ouve a voz. A noite, seu esposo chega para consumar o casamento e deixa claro a Psique que ela jamais poderá ver seu rosto.
O amor dos dois cresce e a bela jovem fica grávida. O esposo alerta que as irmãs de Psique procuravam-na, mesmo ela sendo dada como morta. A notícia e a saudade da família deixou-a muito aflita. Implorou ao seu marido que ele permitisse a visita das irmãs, e ele apesar de contrário a ideia, permitiu.
Zéfiro, o vento, auxilia as irmãs a chegarem no palácio. Ambas ficam espantadas com tamanha a riqueza e sorte que a irmã mais bela teve e sentem inveja. As irmãs sugestionam Psique a desvendar quem é seu marido, aconselhando-a a acender uma lamparina no meio da noite, a fim de ver seu rosto, e a carregar consigo uma adaga, para colocar fim na vida do terrível monstro que o oráculo descrevera.
Chegada a noite Psique acende a lamparina para espiar o rosto do marido e para sua surpresa, ele era o próprio Eros, o cupido, Deus responsável por fazer as pessoas (e também os Deuses) se apaixonarem. Exaltada, Psique deixa uma gota de óleo quente cair no ombro de Eros, despertando-o. Eros, sentindo-se traído, bate suas asas e abandona sua esposa.
Psique, desolada, passa a vagar pelos reinos em busca de seu amado, anda tanto que chega ao reino em que uma de suas irmãs é rainha. Encontra a irmã e conta-lhe o acontecido, acrescentando ao final que Eros não achava que Psique era digna de ser sua esposa, mas que sua irmã sim e que ela deveria pular do penhasco mais próximo e Zéfiro a levaria ao palácio de Eros, para serem marido e mulher de fato. A irmã, tomada em êxtase, pula do penhasco e encontra a morte. Psique, vingou-se também da outra irmã, contando-lhe a mesma versão da história.
Ainda errante pelo mundo, Psique pede ajuda a duas Deusas (Hera e Deméter), e essas, apesar de simpatizarem com a causa de Psique, não a ajudam em respeito a Afrodite. A bela moça é perseguida por fiéis de Afrodite e, finalmente, é capturada pela Deusa irada. Eros encontrava-se no mesmo castelo que a esposa, recuperando-se da ferida causada por ela. No meio tempo em que Afrodite se ocupava em torturar Psique e Eros se recuperava, enfermo, o mundo ficou sem o brilho do amor.
Afrodite dava tarefas impossíveis a Psique, que sempre era sempre ajudada por forças simpáticas a ela. Primeiro ela deveria separar os milhares de grãos de trigo, cevada, feijões e lentilhas que estavam misturados, um serviço que iria demorar toda vida para terminar. Psique ficou assustada diante de tanto trabalho, porém as formigas ajudaram psiquê e ela finalizou rápido a tarefa.
Na 2ª tarefa, Afrodite pediu lã dourada dos ferozes carneiros. Psiquê foi até as margens de um rio onde carneiros de lã dourada pastavam e estava disposta a cruzar o rio, quando um junco ajudou-a e disse-lhe para esperar que os carneiros dormissem, assim não seria atacada por eles. Psiquê esperou, depois atravessou o rio e retirou a lã dourada.
Na 3ª tarefa, Afrodite pediu água que jorrava de uma fonte da montanha. Porém ali havia um dragão que guardava a fonte, mas ela foi ajudada por uma águia, que voou baixo próximo a fonte e encheu a jarra. Vendo que Psiquê conseguia completar as tarefas, Afrodite impôs que ela descesse ao mundo inferior e pedisse um pouco da beleza de Perséfone e guardasse em uma caixa.
Psiquê não sabia como entrar no mundo de Hades estando viva e pensou em atirar-se de uma torre. Mas a torre murmurou instruções, ensinou-lhe como driblar os diversos perigos da jornada, como passar pelo cão Cérbero e deu-lhe uma moeda para pagar a Caronte pela travessia do rio Estige, advertindo-a: – “Quando Perséfone lhe der a caixa com sua beleza, não olhe dentro da caixa, pois a beleza dos deuses não cabe aos olhos mortais”.
Seguindo as instruções, Psiquê conseguiu o precioso tesouro. Porém, tomada pela curiosidade, abriu a caixa para olhar. Ao invés de beleza havia apenas um sono terrível que dela se apossou. Eros, curado de sua ferida, voou ao socorro de Psiquê e conseguiu colocar o sono novamente na caixa, salvando-a.
O jovem Eros foi ao encontro de Zeus e implorou a ele que apaziguasse a ira de Afrodite e ratificasse seu casamento com Psique. O grande Deus atendeu seu pedido, tornou Psique imortal e deu um grande banquete cerimonial em homenagem ao casal. No devido tempo o filho do casal nasceu, chamado Voluptas (prazer).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APULEIO, L. Metamorfoses, o Asno de Ouro. São Paulo: Cultrix, 1963.
Chérolet, Brenda. Deus Eros; Guia Estudo. Disponível em < https://www.guiaestudo.com.br/deus-eros >. Acesso em 19 de julho de 2019 às 13:58.
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