Todos já ouviram a expressão “aquilo que incomoda no outro é aquilo que habita em você” e, geralmente, parece inadmissível que tenhamos tamanha característica tão incômoda, afinal, fazemos de tudo para “não ser dessa forma”. Acontece que essa expressão tão popular têm sim a sua porcentagem de veracidade. Carl Gustav Jung explorou dentro da psicologia analítica diversos novos conceitos e um deles é o conceito de Sombra.

O conceito de sombra foi uma metáfora elaborada por Jung de um “local” psíquico onde habitam nossos aspectos sombrios reprimidos, ou seja, partes de nós que não foram aceitas de alguma forma e “enviadas” a este local dentro da psique.

O entendimento do conceito pode ser ampliado ao analisar o contraponto psíquico da sombra, a persona.

A palavra “persona” deriva de “máscara” em grego, podendo ser descrita também como um “eu social” que usamos perante as pessoas em situações sociais diversas. Um único indivíduo tem várias personas que foram criadas para a adaptação em cada meio social, por exemplo personas de pai, funcionário, filho, chefe, amigo, etc. Na criação dessas personas alguns aspectos que faziam parte do sujeito foram descartados por ele mesmo e pela desaprovação do outro. Os aspectos descartados do sujeito são lançados na sombra.

A sombra não é apenas feita de aspectos negativos da nossa personalidade, ela pode conter potencialidades e até qualidades. Pessoas que têm a tendência de se identificar com qualidades negativas, fazem o movimento de reprimir as positivas, lançando-as na sombra.

Vamos fazer um exercício para identificar a sombra com mais facilidade?  descreva o tipo de personalidade que o você acha mais desprezível e impossível de aturar e terá descrito suas próprias características reprimidas e inconscientes. É por via da projeção dessas características no outro que a sombra se faz presente e tudo o que é insuportável de tolerar no outro é o que não aceitamos em nós mesmos; o que é perdoável, muito provavelmente não faz parte de nossa sombra.

A autora Nise da Silveira (1981) diz que o conceito de inconsciente freudiano e o inconsciente pessoal do Jung coincidem com o conceito de sombra, e ainda acrescenta que nos sonhos o conteúdo sombrio aparece como um tipo de avesso, porém do mesmo sexo do sonhador.

Portanto o artigo de hoje deixa a reflexão de prestarmos mais atenção tanto nos nossos sonhos como em pessoas insuportáveis para nós. Vamos olhar para dentro e identificar nossa sombra para que possamos trabalhar com ela.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MAZZANTI, Camila Borges. TIBURTINO, Natália Bizeli. BRANDÃO, Sybele Fernandes. Saga Harry Potter e d Psicologia  Analítica: Análise acerca  do processo de individuação. 2018. ANAIS DA XXXX MOSTRA DE TCC DO CURSO DE PSICOLOGIA).

OCAÑA, Emma Martínez. A sabedoria de integrar a sombra. 2008. Disponível em: <http://www.fundacao-betania.org/biblioteca/cadernos/pdf/Caderno_13_A_Sabedoria_de_Integrar_a_Sombra_Emma_Ocana.pdf>. Acesso em: 12 abr. 2018.