Por Camila Mazzanti
A partir do século XIX, a inteligência foi um tema que atraiu a atenção de diversos autores. Atualmente, o que se têm de material sobre a inteligência é produto do pensamento, trabalho e investigações de centenas de pesquisadores ao longo da história.
Francis Galton, por exemplo, entendia a inteligência como o reflexo de habilidades sensoriais e perceptivas transmitidas geneticamente. Seu método de medição eram testes baseados em habilidades mentais simples (como tempos de reação, discriminação sensorial e associação de palavras). Contudo, estudos posteriores demonstraram que escalas baseadas em habilidades simples não constituíam preditoras de sucesso acadêmico, além de não serem adequadas para medir a inteligência
Existem duas correntes teóricas que buscam conceituar a inteligência. Há autores que a definiram como uma capacidade geral de compreensão e raciocínio, enquanto outros a descreveram como envolvendo diversas capacidades mentais relativamente independentes umas das outras. Segundo o raciocínio de que a inteligência envolveria diversas capacidades mentais que surge a “inteligência emocional”.
O conceito de Inteligência Emocional (IE) pode ser definido como a capacidade de processar informações emocionais de forma acurada e eficiente a partir de processos mentais de reconhecimento e regulação e uso adaptativo das emoções próprias e alheias. Essa compreensão da IE ser uma capacidade de processar informações é o elemento mais importante que a faz equivaler a um tipo de inteligência, mas a diferença com as demais capacidades reside no raciocinar sobre as emoções e na utilização das informações emocionais para auxiliar no pensar e no tomar decisões. Sendo assim, IE pode ser considerada, um tipo, uma capacidade da inteligência.
A IE foi definida academicamente pela primeira vez por Salovey e Mayer (1990), como uma subforma de Inteligência Social que abrangeria a habilidade de monitorar as emoções e sentimentos próprios e dos outros, discriminá-los e utilizar essas informações para orientar pensamentos e ações. O termo tornou-se conhecido através do livro “inteligência emocional” escrito por Goleman (1995), popularizando-se em instituições de ensino e principalmente em ambientes corporativos. Apesar de promissora a possibilidade de ampliar conhecimentos sobre gerenciamento de emoções, o interesse pelo tema teve a ver, em grande parte, com a competitividade da sociedade atual, como uma alternativa para aumentar o potencial de empregabilidade.
O processamento de informações emocionais foi explicado através de um modelo de quatro níveis: (a) percepção acurada das emoções; (b) uso da emoção para facilitar pensamento, resolução de problemas e criatividade; (c) compreensão de emoções; e (d) controle de emoções para crescimento pessoal Segundo os autores, a Percepção Emocional (PE) constituiria a mais básica das habilidades da IE, a qual refletiria a aptidão para reconhecer distintas emoções em si e nos outros de maneira acurada, além da capacidade de expressálas nas situações sociais. A PE poderia estar associada a um sentimento de competência para lidar com diferentes situações e pessoas, na medida em que o componente emocional poderia agir como um importante recurso de informação. A Emoção como Facilitadora do Pensamento refere-se à capacidade de o pensamento gerar emoções, bem como a possibilidade das mesmas influenciarem o processo cognitivo. Emoções poderiam influenciar processos de pensamento por meio da promoção de distintas estratégias de processamento da informação. Pessoas hábeis em integrar suas emoções com a cognição, tenderiam a utilizar emoções positivas para desenvolver criatividade e processar a informação de forma integrada. Além disso, estas pessoas necessitariam de menor esforço cognitivo no processamento de informação e na resolução de problemas de ordem emocional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Roberts R, Flores-Mendoza C, Nascimento E. Emotional intelligence: a scientific construct? . Paidéia [Internet]. 1Jan.2002 [cited 20Jan.2020];12(23):77-2. Available from: https://www.revistas.usp.br/paideia/article/view/6135.