Por Camila Mazzanti
Em nossas vidas passamos por diversas fases, nascemos, crescemos, vamos a escola, trabalho, constituímos família, vemos o ciclo se iniciar novamente com o nascimento do primeiro filho e depois netos…. até o chegarmos ao fim desta existência. Claro, que todo esse processo não se dá necessariamente dessa forma para todas as pessoas, mas vamos pensar em famílias que têm filhos para ilustrar o artigo de hoje.
De acordo com Carter e McGoldrick existem seis estágios do ciclo de vida familiar:
1- Jovem solteiro saindo de casa
2- Famílias sem filhos
3- Famílias com crianças
4- Famílias com adolescentes
5- Famílias na meia idade: lançando os filhos e seguindo em frente
6- Famílias no estágio tardio da vida
A experiência de se separar dos pais constitui um dos fatores essenciais para o alcance da maturidade por parte do adulto jovem. Na cultura ocidental, o ato de sair da casa dos pais é um simbólico da entrada ao mundo dos adultos, no entanto, essa separação provoca reações emocionais de ambos os lados.
O jovem enfrenta uma separação tanto física como psicológica, sendo colocado a prova como responsável pelos seus atos e caminha rumo a construção de sua identidade. Os pais sentem-se ambivalentes, com intenção de apoio às iniciativas do filho, entretanto, com sentimento de perda frente à necessidade de redirecionamento de suas funções parentais.
Dependendo da mecânica da família, essa separação apesar de dolorosa, se converte em um período de conclusão, que permite à família a elaboração de novas possibilidades e papéis, porém, algumas famílias podem associar esse período ao um rompimento, tornando a perda esmagadora, suscitando sentimento de vazio, depressão e desintegração.
Aos sentimentos negativos advindos da separação deste período do ciclo familiar, quando são muito exacerbados, foi dado o nome de “síndrome do ninho vazio”. Pelo nome podemos fazer uma associação com o modo como os pássaros “jogam” seus filhotes do ninho para que aprendam a voar, porém o “ninho” fica vazio. No entanto, a realidade brasileira é oposta ao que diz a teoria (escrita por autoras norte americanas), 81% das famílias paulistanas ainda possuem pelo menos um filho adulto jovem em casa. Dessa maneira, alguns estudiosos apontam para o surgimento de uma nova fase no ciclo evolutivo da família chamada etapa do “ninho cheio”.
A fase do ninho cheio compreende o processo de permanência dos adultos jovens na residência de sua família de origem. Ainda estuda-se os motivos da permanência dos jovens na casa dos pais, uma das hipóteses é que atualmente, há uma ausência de rituais de iniciação para a vida adulta, “o que vem ocasionando a protelação da sua consolidação e o consequente alargamento do seu tempo de duração”.
Outra reflexão acerca da permanência do jovem no núcleo familiar acrescenta mais variáveis como o investimento em ensino continuado (apesar de arcarem com seus gastos pessoais em parte ou integralmente), escolhas profissionais sendo equacionadas pelas oportunidades de mercado; o conforto e o padrão de vida usufruídos na convivência familiar; o adiamento do casamento percebido nos dias atuais; as transformações dos compromissos afetivos entre os pares, transformações não sujeitas a tantas exigências e expectativas; e a dificuldade de separação entre pais e filhos.
Se fazem necessários novos estudos que considerem a realidade latino-americana a fim de realizar constructos teóricos sobre o tema.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DA SILVA, Iara Silva; ROHDE, Liliane Antunes. ESTILOS DE VIDA DOS ARRANJOS FAMILIARES: DINC (DUPLA RENDA, NENHUMA CRIANÇA) VERSUS NINHO VAZIO. Revista Estudo & Debate, [S.l.], v. 22, n. 1, jun. 2015. ISSN 1983-036X. Disponível em: <http://www.univates.br/revistas/index.php/estudoedebate/article/view/636>. Acesso em: 23 out. 2019.